As PAS e o Trabalho: Resultados de Pesquisa #1

Uma pesquisa internacional sobre as Pessoas Altamente Sensíveis e o Trabalho, realizada por nós em conjunto com uma pesquisadora holandesa sobre o traço, revela qual a realidade das PAS nos seus ambientes de trabalho. Leia e confira o resultado!

As PAS e o Trabalho: Resultados de Pesquisa #1

Por: Rosalira dos Santos – Postado originalmente em Ame a Sua Sensibilidade

Como alguns de vocês sabem, tivemos a oportunidade de participar de uma Pesquisa Internacional sobre as Pessoas Altamente Sensíveis e o Trabalho. O estudo, que se iniciou na Holanda. sob a coordenação da coach e pesquisadora holandesa Esther Bergsma, se estendeu para outros países da Europa e também da América Latina. No Brasil, ele foi coordenado por nós: Rosalira dos Santos (do Ame sua Sensibilidade) e Marta Leite (do Introvertidamente).

Como resultado do esforço em nos integrarmos à esta iniciativa, tivemos um total de 392 participantes no total, sendo a maioria (91%) do Brasil e 9% de Portugal e outros países de língua portuguesa. Para facilitar a nossa analise vou me referir principalmente aos participantes do Brasil e farei referências comparativas quando as diferenças entre o grupo de brasileiros e os demais forem significativas.

QUEM SOMOS E COMO VEMOS O MUNDO

A maioria dos participantes da pesquisa se encontra na faixa etária que vai dos 18 aos 25 anos de idade (26%).  Este é um dado importante porque indica que uma parcela significativa do universo atingido pela pesquisa tem pouca experiência no mundo do trabalho. Este fato, entretanto, é contrabalançado pelo percentual atingido pelas demais faixas etárias: 18% para as faixas entre 26 a 30 anos e 31 a 40 anos e 15% para a faixa de 36 a 40 e 9,0% para a faixa etária que vai dos 41 aos 45 anos. As pessoas situadas entre os 46 e os 60 compõem 10% da nossa amostra, enquanto aqueles acima dos 61 anos representam apenas 4,0%. Do total. Se somarmos estes percentuais teremos então que 74% do total de respondentes se encontra em uma faixa etária na qual é bastante provável que esteja ou tenham estado no mercado de trabalho formal ou informal.

Pessoas Altamente Sensíveis e o Trabalho.

No que diz respeito ao gênero, a proporção foi a seguinte: 68 homens (19%), e 284 (81%) de mulheres.

Pessoas Altamente Sensíveis e o Trabalho.

Já em se tratando das preferências de personalidade, foi marcante o fato da grande maioria das pessoas altamente sensíveis serem introvertidas. Predominância que também se reproduziu na nossa amostra: 62% dos respondentes se consideram introvertidos (enquanto a estimativa oficial é de que cerca de 70% das PAS apresentam esta característica) e apenas 8% se declararam extrovertidos, tendo um percentual de 29% se autodefinido como ambivertido.

Pessoas Altamente Sensíveis e o Trabalho.

AS PAS E O TRABALHO: FATORES DE DESTAQUE

Perguntamos sobre algumas circunstâncias que envolvem o ambiente de trabalho e o quanto cada uma delas determina a satisfação das PASs com o trabalho, que deveriam ser separados em importantes, sem importância e essenciais, assim responderam:

O que mais importa em um ambiente de trabalho?

A condição considerada mais importante foi o “silêncio no espaço de trabalho” (65%), seguida pela “possibilidade de usar os próprios talentos” (61%). Estes dois aspectos – um ambiente de trabalho tranquilo e o desafio intelectual – aparecem novamente nas duas condições seguintes definidas como importantes: “sala/escritório próprio” e “oportunidade de receber formação”, ambas assinaladas como importantes por 59% dos participantes.

O que não é importante?

E o que não é importante para as PAS participantes da pesquisa? Aqui o tema é claro: interação social. “Ter muitos contatos sociais no trabalho” não é considerado importante para 73% dos respondentes, enquanto “trabalhar em equipe” não é visto como importante para 54% das pessoas, o que não surpreende tendo em conta a predominância de introvertidos na nossa amostra.  “Ter poucos contatos sociais” também parece igualmente não ser muito importante, já que esta opção foi assinalada por 43% dos entrevistados.

O que é essencial?

Resta-nos então analisar o que é considerado essencial em termos do ambiente de trabalho. Para a maior parte dos participantes (62%), a primeira condição considerada essencial é “um bom ambiente de trabalho”, o que talvez se deva a intensa empatia das PAS e à sua aversão ao conflito. A outra condição mais citada (56%) foi “suficiente tempo livre”, o que parece estar associado à necessidade de evitar a sobrecarga de estímulos e a saturação, cujos efeitos danosos sobre as PAS exploraremos mais adiante. Por fim, a necessidade de a “tarefa ser claramente especificada” também foi considerada essencial por 54% dos participantes, o que parece uma manifestação do perfeccionismo e do medo de cometer erros em função de uma tarefa pouco definida. Igualmente considerado essencial para 54% dos respondentes foi ter um “trabalho com significado”.

Observação: Sobre isso, vale um comentário: se somarmos os percentuais de respostas importante (42%) e essencial (54%) atribuídos a este item, temos uma ideia bastante aproximada do peso que tem para uma PAS a necessidade de encontrar significado no trabalho que realiza.

O fator de maior impacto negativo no ambiente de trabalho

Podemos agrupar as situações que nos causam desconforto em alguns temas, que são aqueles relacionados ao ambiente (barulho, dividir sala com colegas…); temas sociais (lidar com conflitos com colegas e mau humor das chefias…) e exposiçãopessoal, representada por situações como participar ou coordenar reuniões.

Sobre as condições que impactam negativamente no ambiente de trabalho, a mais citada pelas PAS entrevistadas foi a “falta de autonomia” (66%), seguida por “pouca clareza nas instruções” (59%), e “muita coisa a fazer em pouco tempo” (58%). Uma outra versão desta mesma dificuldade: “trabalho com muitas tarefas” foi escolhida 56% das vezes, juntamente com a opção “ambiente de trabalho ruim”, que obteve o mesmo percentual.

A hiperestimulação no ambiente de trabalho é outro assunto delicado. Várias situações cotidianas são consideradas hiperestimulantes (ou até mesmo avassaladoras) para os participantes da pesquisa. Entre as mais citadas temos: “atmosfera ruim no trabalho” (88%); “prazos apertados” (83%); “conflitos com os colegas” (74%), “conflitos entre colegas” e “mau humor dos colegas” (ambas com 68%), além da já citada “receber críticas” (62%).

A questão da exposição pessoal – representada por situações como participar ou coordenar de reuniões (27% e 48%, respectivamente); fazer ou participar de apresentações no trabalho (57% e 39%, respectivamente) e a obrigação/necessidade de fazer networking – também volta a aparecer aqui como uma das fontes de desconforto para 53% dos entrevistados.

Na parte seguinte deste post apresentarei os resultados que tratam daquelas que seriam as condições de trabalho ideias do ponto de vista dos participantes da pesquisa e também das razoes que podem nos levar ao estresse e, até mesmo, ao burnout. Até lá.

Sobre a Autora: 

Rosalira Oliveira 
Rosalira OliveiraAme a sua sensibilidade  é a criadora do site e do Programa Ame Sua Sensibilidade, cujo objetivo é ajudar pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar esta característica, reconhecendo-a como um dom, tanto para elas mesmas quanto para as pessoas com as quais convivem.

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